Manual para Entender os Crentes Parte 2

No Post anterior você poderá ler na íntegra o Manual. O objetivo não é refutar as argumentações do Manual, pois os ateus não aceitam refutações à base de versos bíblicos, visto que não crêem na Bíblia, mas apenas fazer breves comentários à luz do adventismo bíblico.

Gostaria de dizer que gostei bastante da argumentação do autor. Tristemente, podemos dizer, que é um manual que poderia ser chamado: RACIOCÍNIO DE UM ATEU SOBRE AS INCOERÊNCIAS DOS CRISTÃOS. Em suma, veremos que toda a argumentação deles ocorre por culpa dos falsos movimentos do cristianismo, das falsas doutrinas instituídas por Lúcifer e dos falsos cristãos, que dão motivos para que o nome de Deus seja blasfemado. Vamos comentar os pontos mais importantes do mesmo. Em itálico estão as passagens do Manual e em azul os comentários.

Mas se todas as doutrinas se dizem espiritualmente discernidas, o único modo de separar o joio do trigo (como eles dizem) é identificando incoerências doutrinárias onde elas se mostram.

Identificar incoerências é função da lógica, que dispensa a iluminação transcendente para operar. Em última instância, é o Homem Natural que há dentro de todo crente que julga qual doutrina lhe parece mais coerente.

Ponto 1. A doutrina de Deus é lógica e racional. A Fé de alguma maneira se mistura a revelação lógica. A Bíblia conta uma história lógica, com uma doutrina racional.

Ponto 2. Não é apenas o homem natural que discerne a doutrina que lhe parece mais coerente. Isso também ocorre, mas é a operação de Deus que mostra ao homem natural qual é a doutrina mais coerente, pois Deus não nos abandona ao léu, mas nos indica o caminho correto, ou estreito.

Esta divisão [feita pelos crentes] pode ser resumida em apenas duas categorias – os que vão para o Céu e os que não, sendo claro na doutrina dos crentes quem é quem quanto a estas destinações.

Ponto 3: De maneira geral ou objetiva está claro quem vai para o Céu: os que concordam que Jesus é o Caminho, a verdade e a vida. Mas de maneira subjetiva ou pessoal não está claro. Apenas Deus conhece os corações e sabe quem vai ou não vai se salvar.

Menos óbvio é como a hierarquia espiritual divide os crentes dentro de seu próprio mundo. Em que patamar o crente se encontra na escala de méritos definida por sua doutrina tem grande importância para eles, pois é isto que definirá o seu galardão celeste, ou seja, o status que ocuparão no paraíso como recompensa de suas boas obras terrenas.

Ponto 4: Ninguem vai ser salvo por causa de OBRAS. A Salvação não pode ser comprada, nem que o crente fique a vida toda ajudando os pobres. A Salvação é pela crença no SALVADOR, e que Jesus, nosso advogado, defenderá nossa causa perante o Pai. Crentes, possuem obras, não para alcançarem salvação, mas porque simplesmente já estão salvos. As Obras são os frutos, a consequência da salvação.

Dentro da peculiar interpretação dos crentes do que seria justiça divina, as boas obras dos ímpios não os livrarão do inferno, mas as boas obras dos crentes podem garantir a eles um paraíso melhor que o dos outros salvos. Fica a dúvida de como paraísos podem ser melhorados.

Ponto 5: É verdade que os impios não podem comprar a salvação por obras e nem mesmo os crentes. No entanto em parte o que foi dito é correto: aqueles que mais se doaram a causa de Deus (patriarcas, profetas, apóstolos, mártires) ocuparão ‘cargos’ melhores no Reino de Deus, embora tenhamos pouca revelação sobre o assunto.

Em tempo, ainda pela interpretação deles, as más obras dos crentes serão simplesmente perdoadas e esquecidas.

Ponto 6: Crentes conversos não podem mais possuir ‘más obras’, ou viverem quebrando a lei de Deus. Se continuam nesta posição, não são convertidos, mas FALSOS CRENTES. Jesus virá destruir aqueles que se dizem crentes e quebram a lei (Mateus 7:21-23). Por favor não confundir o falso evangelho (aquele que o crente peca a vontade) com o verdadeiro evangelho (na qual importa morrer para o eu para que Cristo viva em nós).

Isto fica óbvio quando observamos que a hierarquia espiritual não significa para o crente apenas uma promessa de recompensas futuras no post-mortem, mas também mais respeito e reconhecimento social entre os seus, aqui neste mundo, mesmo.

Ponto 7: A promessa da Volta de Jesus, é de que os que se encontrarem vivos por ocasião de sua vinda terão a recompensa EM VIDA, ou seja, não verão a morte. Portanto a promessa não é absolutamente post-mortem. O autor desconhece a posição bíblica de que o Céu não é um lugar de “espíritos” de mortos, mas de vivos ressurrectos.

Ponto 8: Em relação ao reconhecimento pessoal, ele deve vir naturalmente se a pessoa é convertida. As pessoas dirão: “veja que saúde ele tem, por não participar de bebedeiras e noitadas etc”. O reconhecimento buscado pela carne, como um artista ou ator busca reconhecimento é condenado.

Este destaque junto aos seus pares pela exibição de dotes espirituais superiores se torna particularmente visível entre os crentes pentecostais,

explica a cena tão típica naquelas igrejas, onde crentes enfileirados vão caindo ao chão, como pedras de dominó, ao serem ungidos pelo toque do pastor,

Ponto 9: Estas manifestações são consideradas oficialmente pela Igreja Adventista do 7° Dia como demoníacas e ‘manifestações da carne’. Portanto, o autor generaliza. Muitos crentes abominam estas manifestações FALSAS.

Como os crentes se dividem em miríades de facções,[…] satisfazer a ordem bíblica de não escandalizar é uma proeza quase irrealizável, uma vez que crentes de denominações liberais, que, por exemplo, não proíbem suas mulheres de usar calças compridas, têm mesmo assim que avaliar como este hábito afeta outros crentes que acham um escândalo mulheres crentes saírem à rua cobertas por outra coisa que não vestidos e saias no comprimento devido.

Ponto 10: Em parte está correto. Mas existem mulheres de denominações em que é permitido o uso de calça, que usam saia para não escandalizar as mulheres de denominações mais ‘conservadoras’. No mais, em questões doutrinárias mais sérias, como por exemplo a guarda do sábado, é dito frontal ou educadamente que a outra parte, domingueira, está errada.

É por isto que ateus, agnósticos e céticos tendem a estranhar o quanto certos crentes mostram-se muito mais, digamos, soltos, em ambientes não religiosos (ou mesmo anti-religiosos) do que em seus próprios

Ponto 11: ISSO É ATUAÇAO DE FALSO CRENTE. O verdadeiro crente não é diferente em outro círculo social….

APARENTES CONTRADIÇÕES dos crentes Citadas pelo Autor

– Rejeitar o mundo e fazer parte dele;
– Negar o homem natural e saber-se um;
– Confessar-se pecador e almejar-se santo;
– Conflitar-se individualmente e ajustar-se coletivamente.

Ponto 12: Isso se tornam contradições na mente dos não religiosos, por causa da atuação dos maus religiosos, os falsos crentes. Na verdade tais itens não são contraditórios, quando corretamente entendidos.

O que motiva o doublethink é a questão de como os crentes poderão ser eternamente alegres e felizes no paraíso, sabendo que seus entes queridos não convertidos estão sendo torturados por toda a eternidade.

Ponto 13: Esta doutrina não é aceita pelos estudiosos das escrituras, em especial a Igreja Adventista do 7° Dia. A doutrina da punição sem fim, foi criada por Lúcifer para deturpar o caráter de Deus e evitar que milhões escutem o evangelho.

Mas não é isto que está em discussão, mas como em suas consciências íntimas os crentes resolvem o dilema “poderei ser feliz no paraíso se meus pais, cônjuge ou filhos estiverem no inferno?”

Ponto 14: Como foi dito, esta dificuldade não existe para os adventistas do 7° dia, porque não cremos na doutrina luciferiana do inferno sem fim.

o mito aceito por todos os crentes, abrangendo todas as doutrinas de todas as facções (e de todas as dissidências destas facções), é o da inerrância e suficiência da Bíblia.
.
O mito da inerrância e suficiência da Bíblia tem enunciado simples:
.
Inerrância: A Bíblia é isenta de erros em tudo que afirma;
Suficiência: A Bíblia contém toda a informação necessária para a vida do crente.

Ponto 15: Nós adventistas sabemos que a Bíblia contém toda a informação necessária para a vida do crente, mas que certas traduções bíblicas são corrompidas (NTLH – nova tradução na linguagem de hoje), ou por mais perfeitas que sejam (ex; Almeida) possuem frases com problemas de tradução, (como a passagem do ladrão na cruz).

Cremos que a Bíblia tem uma INSPIRAÇÃO MENTAL e não uma inspiração verbal ABSOLUTA. Ela não foi ditada por Deus, exceto os 10 mandamentos, certas frases de Cristo, que o Espírito de Deus, fez os apóstolos se lembrarem e outras coisas. Isso nunca foi analisado profundamente, mas no geral, a Bíblia não foi ditada.

Embora todos os crentes afirmem de pés juntos que todos os seus ritos tem base bíblica, o fato é que a Bíblia define a forma dos ritos, enquanto uma rede de influências sócio-culturais e ideológicas diversas definem seus conteúdos, muitos deles com significados sutis que nada tem a ver com qualquer preceito nas Escrituras
– as tais regras não escritas.

Ponto 16: Uma verdade foi dita. Alguns ritos, principalmente católicos e NEO pentecostais não possuem base biblica nenhuma.

Os conteúdos explícitos dos testemunhos não indicam a totalidade e complexidade de seu significado dentro da ritualística crente, já que a grande maioria deles segue o formato padronizado do clássico testemunho de conversão redentora:

Narrativa da vida pré-conversão, momento crítico, epifania, conversão, narrativa da vida pós-conversão, desfecho apologético e de louvação.

Ponto 17: Perfeito, Achei até engraçado. Na verdade ocorre um padrão pois é a operação do mesmo Deus sobre todos, nos retirando da vida de trasngressão da lei; Porém algumas pessoas possuem CONVERSÕES EXTREMAMENTE RACIONAIS. Escolhem a religião após analisar a sua doutrina. Vão até Cristo pedir perdão por seus pecados, sem passar por nenhuma epifania especial.


Com freqüência os descrentes não conseguem enxergar por que determinados testemunhos mexem tanto com os eleitos, se a narrativa apresentada é praticamente idêntica a tantas outras, com pequenas variações.

Para os não crentes todos os testemunhos são iguais e para os crentes cada um deles pode ser uma experiência inesquecível, a ser citada e elogiada entre eles, mesmo que se trate da mesma velha história, recontada com novos personagens.

Ponto 18: Argumentação Perfeita. Os não crentes não compreendem pois não viveram a conversão (E também porque certas história de conversão pentecostais são falsas, exageradas e outras palavras que não me vêem a cabeça). Em resumo: o grande culpado dos não crentes não entenderem a verdade são os FALSOS CRENTES.

Nos testemunhos dos crentes, os conteúdos compartilhados produzem catarse, uma catarse coletiva que cria e reforça a unidade do grupo, mas também tem profundo alcance individual,

Ponto 19: Racionalmente falando, é verdade.

Ponto 20: Em relação aos símbolos, que identificam as Igrejas, nada tenho a dizer.

Um exemplo é a música, particularmente os hinos, cujos ritmos, melodias, arranjos e orquestrações têm significado simbólico emotivo que extrapola o ditado pelas letras, quase sempre variações de pouco valor literário ou poético sobre algum tema bíblico.

Ponto 21: Concordo que as músicas da maioria das igrejas, em geral, tendem a emotividade e possuem letras pobres. Isto, para os adventistas do 7° dia também é condenado. Em razão disso somos reconhecidos até pelos mais opositores doutrinários de nossa teologia, como possuindo uma música de alta qualidade. No entanto, nos ultimos anos, nossa música também está sendo influenciada pela “emoção destituída de sentido”, que aliais, vem sendo combatida em nosso meio por pregadores como Daniel Spencer.

Um caso particularmente ilustrativo e bastante recontado no folclore crente é o da presidiária condenada, que ao se declarar convertida solicitou anulação de sua sentença, alegando que os crimes que lhe eram imputados foram cometidos por outra pessoa, sendo injusto que ela, nascida de novo, pagasse pelos erros de alguém que deixara de ser ao passar pelo novo nascimento.

Não é de se estranhar que presos condenados se apeguem a qualquer recurso disponível para melhorar sua situação. Estranho é ver tal argumento ser debatido nas comunidades crentes, onde se questiona até que ponto o novo nascimento dá a quem passa por ele o direito de reivindicar isenção de responsabilidade por seus atos prévios ao evento.

Ponto 22: Concordo que esta atitude é execrável e digna de ser deplorada pelos ateus. Esta presidiária, ou não é verdadeiramente convertida, ou não foi ensinada que o crente verdadeiro não se exime das suas responsabilidades.

Neste cenário, as vidas transformadas espetacularmente representam um valioso diferencial no mercado, que por isto mesmo são divulgadas com a publicidade necessária.

Ponto 23: O capitulo 10: “novo nascimento e das vidas tranformadas” mostra claramente o dilema de um não religioso por causa das Igrejas que fazem da fé e do testemunho cristão um MERCADO, para favorecer a sua ‘empresa’. As pessoas que fazem isso perderão a salvação como disse Jesus (Mt 7:21-23) e ainda terão uma punição especial, pela razão de que levaram outros a ser perderem, graças a suas igrejas e ministérios demoníacos. Por causa dessas igrejas, os ateus possuem argumentos racionais legítimos, que os impedem de aceitar a divindade grosseira que lhes é apresentada (visto que não conhecem a divindade legítima).

Ponto 24: O capítulo 11 A reengenharia do Eu, também é espetacular. Demonstra nas entrelinhas a idiotização do ser humano, causado pelos falsos ministérios. Visto que a falsa teologia, favorece o EU (e a falsa teologia é mais abundante que a verdadeira), os não religiosos não conseguem enxergar o magnífico Deus de Israel, que opera a verdadeira trasnformação do Ser. Veem apenas conversões grosseiras e experiências chulas e por este motivo desprezam o cristianismo como vil.

Ponto 25: O capítulo 12 tratam de uma discussão que não existe no adventismo: Arminianos, que creem no livre arbítrio e Calvinistas, que crêem na predestinação. Os adventistas (mesmo sem o saberem) são Arminianos. Mas o objetivo da discussão é dito no final:

“Eles (os crentes) acreditam em deuses diferentes ou em frações diferentes do mesmo Deus”.

Uma verdade que os crentes muitas vezes não reconhecem. O Deus da Igreja Católica não é o mesmo Deus da Igreja Batista e nem dos Adventistas do 7° Dia pois se estes 3 seres se encontrassem não concordariam em quase nada.

Tratamos neste do que torna os crentes difíceis de ser entendidos pelos que o são.
Apartados da unidade na Babel de suas dispersões, se confundem na falta da linguagem única que lhes permitiria se compreender entre si como um só povo.

A partir dos anos 1980, a ascensão do neopentecostalismo atraiu multidões de neófitos com promessas de um evangelismo popular, curas milagrosas, prosperidade financeira e cultos animados, sem impor aos seus membros a disciplina rigorosa que homogeneizava seus pares pentecostais.

Ponto 26: A conclusão pode ser feita analisando os 2 textos acima. De fato, o protestantismo se corrompeu mais rapido que o catolicismo por causa de sua divisão. Isso, em nivel mundial, aumentou a influência de Roma, porque ela possui uma doutrina mais coerente do que 95% das igrejas evangélicas. A única Igreja que possui uma doutrina forte o suficiente para se contrapor à Roma, é a Igreja Adventista do 7° Dia. A Igreja Adventista possui um culto extremamente racional, condena o evangelismo popular, com suas curas milagrosas e a teologia da prosperidade. Condena também a teologia católica do inferno e possui um contra-ponto de alto nível, capaz de impressionar o mais ardoroso fã da saga dos SENHOR DOS ANÉIS.

Por fim, recomendo que o escritor e os demais admiradores deste Manual estudem um pouco a teologia da Igreja Adventista do 7° Dia. Chegarão a conclusão que encontraram um Cristianismo, que podem não possuir vontade de abraçar, mas reconhecerão sua inteligência e brilho.


Esse post foi publicado em Ateísmo e marcado , , , , . Guardar link permanente.

Deixe um comentário